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Um olho no agora e outro na retomada. Artigo de Otavio Novo

Nesse momento de restrições importantes às necessidades básicas em praticamente todas as regiões do país e de boa parte do mundo, obviamente, o foco das pessoas, profissionais e gestores públicos e privados,  está nas ações imediatas para os problemas práticos que já estão batendo às portas de todos.

O distanciamento social é a forma de se combater a rápida evolução do número de contágios e o consequente colapso nos serviços de atendimento médicos, e essa ação preventiva, traz riscos e impactos importantes e imediatos para a sociedade, ou seja, uma ação necessária visando um bem maior futuro, traz também prejuízos que estão sendo percebidos há algumas semanas no Brasil e, alguns meses, em outros países.

Contudo e assim ocorre nas organizações e procedimentos de gestão de crises, paralelamente as ações imediatas, necessárias e muitas vezes vitais, sempre é fundamental reservar um espaço para olhar para o futuro, e também para o pós-crise.

Diante do que estamos passando, assim como em outros casos, teremos desdobramentos da crise, mesmo quando o pior tiver passado. Além disso , durante o enfraquecimento geral desse momento, causado pelas perdas, incertezas e medidas extremas, teremos mais vulnerabilidades.

E é importante dizer que nesse momento, como acontece com o nosso corpo durante um tratamento agressivo e necessário, nossa sociedade está enfraquecida e mais suscetível a outros agressores oportunistas.

Por isso, é importante agir preventivamente para diminuir o problema principal, mas não devemos nos esquecer de cuidar de outras possibilidades e riscos, além de sempre pensar em  como devemos agir agora no sentido da retomada mais adequada.

E portanto, com relação a outros riscos oportunistas possíveis nesse momento de grande sensibilidade,  devemos ter atenção a outros pontos, como por exemplo:

– ataques virtuais em links ou contatos suspeitos no whatsapp e em outras ferramentas;

– roubos e furtos de bens devido ao enfraquecimento da atenção e dos controles de modo geral;

– golpes presenciais se aproveitando da fragilidade das pessoas;

– atos de violência dentro e fora das residências;

– exploração comercial diante do aumento da busca de determinados produtos;

– exploração em ambientes de trabalho diante das necessidades e restrições momentâneas;

– instabilidades psicológicas graves em decorrência das mudanças abruptas;

– decisões que possam causar impactos negativos no futuro;

E sobre essa última, no sentido da previsão de ações com efeitos no momento da retomada, será necessário um trabalho de antecipação dos cenários futuros, a ser concretizado mais cedo ou mais tarde.

E esse exercício isso é possível, para todos nós.

Para isso existem alguns caminhos de desenvolvimento de um olhar (no e) para o futuro.

No mundo corporativo e para os gestores de empresas, ferramentas como a Matriz SWOT, ou as 5 forças de Porter, podem ajudar no desenho dos cenários interno e externo, para os próximos períodos.

E ainda mais importantes serão os procedimentos específicos de antecipação de cenário na gestão de crises, como o conhecimento dos riscos atuais, dos históricos e experiências relacionadas, sejam internos e/ou externos e o estreitamento de contato com fontes de informação adequadas e úteis para esse processo.

O monitoramento da situação e o direcionamento da tomada de decisão da liderança das empresas também são fundamentais num trabalho de antecipação de possíveis ambientes a serem vivenciados no futuro.

Contudo,  de modo geral para cidadãos e empresas, o importante é iniciar esse exercício de desenhar os cenários desde já.  Para isso recomendamos que sejam reforçados 2 pontos:

– o histórico que existe em países que estão a algumas semanas ou meses diante de nós na cronologia do coronavirus, o que significa uma possibilidade de aprendizado com os erros e acertos, atentando para as diferenças políticas , econômicas e culturais;

– o olhar voltado para soluções diante do retorno a uma normalidade diferente daquela que conhecíamos,  de forma gradativa e lenta e que deve contar com alternativas no mesmo sentido.

Deverão ser necessárias as adequações de serviços, produtos e da lógica econômica para a nova realidade que surgirá.

O cuidado agora deve ser com as pessoas, com a preservação de todos e da capacidade de se atender plenamente aqueles que mais necessitarem.

O olhar, nesse momento, deve ser de serenidade, cuidado e solidariedade diante desse momento passageiro.

E na medida do possível, vale o exercício de reservar parte da atenção ao olhar além da questão central , buscando também cuidar de outros aspectos, além de imaginar como serão as novas possibilidades que surgirão depois que a tormenta acabar.

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